Moacyr Scliar, ficcionista!

Moacyr Scliar, ficcionista
Blog do Gerbase / Casa de Cinema de Porto Alegre

Carlos Gerbase
fevereiro/2011

Conheci Moacyr Scliar em dezembro de 1981, no set de “No amor”, curta de Nelson Nadotti em que eu atuava como assistente de câmera para o fotógrafo Norberto Lubisco (além de ser um dos cinco produtores do filme). O roteiro, escrito pelo Nelson, era baseado no conto “O mistério dos hippies desaparecidos”, de Scliar, publicado em “Os mistérios de Porto Alegre” e cedido gratuitamente (portanto, “no amor”) para a adaptação. Scliar visitou o set com uma criança pequena no colo, seu filho Beto, que hoje é um conhecido fotógrafo. Aí vai a foto.

“No amor” foi muito importante para a minha turma na época (eu, Nelson Nadotti, Giba Assis Brasil, Hélio Alvarez e Sérgio Lerrer), porque foi nosso primeiro trabalho em 35mm, a bitola profissional do cinema. Antes desse curta, realizávamos tudo em super-8. Eu tinha 22 anos, e Scliar, o dobro, quase 44. Além disso, ele já era um escritor famoso, tendo publicado, entre outros títulos importantes, “A guerra no Bom Fim” (1972) e “O exército de um homem só” (1973). Eu tinha lido e gostado muito dos dois romances.

A presença de um escritor famoso como ele no set nos deixou muito felizes. Eu fiquei ainda mais contente ao verificar que Scliar era um homem bem humorado, simples, sem qualquer tipo de afetação. Conversamos com ele, explicamos algumas coisas do filme, e a responsabilidade de lidar com o texto de um autor consagrado pareceu diminuir um pouco. De certa forma, naquele dia ele entrou para a equipe e passou a ser mais um daquele bando de malucos que pretendia fazer cinema sem dinheiro e quase sem recursos técnicos.

No decorrer destes 30 anos, encontrei-me outras vezes com ele, em eventos culturais, e uma ou duas vezes na casa de Luis Fernando Veríssimo. Sempre bem humorado, sempre cheio de histórias para contar, sempre disposto a ouvir e compartilhar. Lembro de uma conversa que tivemos no interior do estado, uns seis ou sete anos atrás, em que eu comentei que tinha dificuldade, na hora de preencher o espaço destinado a profissão na ficha do hotel, para escrever a palavra “cineasta”, que eu achava pomposa demais. Ele disse que também achava a palavra “escritor” complicada e sugeriu: “A gente devia escrever ‘ficcionista’, o que define bem o que fazemos. Nós inventamos histórias, só isso.”

Scliar será enterrado amanhã. Não pude comparecer ao seu velório. Fica aqui minha homenagem a um homem talentoso, íntegro, um médico de primeira e um escritor consagrado que lidava com a fama com a humildade dos grandes criadores. Um judeu que sabia usar a cultura judaica para enaltecer a necessidade de estreitar as relações entre todas as raças e religiões. Sua eleição para a Academia Brasileira de Letras, pelo menos para mim, pouco importa. Não foi isso que o tornou imortal, e sim suas obras, seu bom humor e sua simplicidade. Obrigado, Scliar. Teus leitores e teus amigos estão tristes, mas não por muito tempo. A lembrança que deixas é de uma vida de muito trabalho e de muita alegria. Tem coisa melhor?


www.casacinepoa.com.br

Os filhos de Luiz Francisco!

Itaqui/RS: 1958!

Os filhos de Luiz Francisco Zanella e Eulina Araújo Zanella: meu pai Renato José (10/02/39), Artur Paulo (15/07/41), Mario Raul (29/08/36), Luiz Carlos (29/12/33), Nelson Antônio (15/02/35) e Euclides Jorge (22/05/50)!

Zanellas para sempre!

Futebol Cards Grêmio 78/79!

Futebol Cards, da Ping Pong!

Quem se lembra?

O ano era 1979!

www.cardspingpong.com.br!

Sant´Ana!

"Ser gremista é o sonho delirante de não conseguir ser na vida outra coisa..."!

Boate Carinhoso (Porto Alegre/RS), final do século passado: com o colunista do jornal Zero Hora Francisco Paulo Sant´Ana, no show de Leci Brandão!

Notem a boa vontade do Sant´Ana na foto (chega a ser comovente)!

Cine Theatro Imperial!

Cine Theatro Imperial - "o seu cinema" -, 74 anos de bons serviços prestados à vida cultural porto-alegrense!

Inaugurado em 18 de abril de 1931 pela Companhia Nacional de Cinemas, o Imperial (à Rua dos Andradas, em frente a Praça da Alfândega, antiga Praça Senador Florêncio) está situado no andar térreo do edifício da Companhia de Seguros Previdência do Sul, de 12 pavimentos – construção que é um dos marcos da verticalização promovida pela presença do skyscraper style no centro da cidade, usualmente em edifícios comerciais, a partir dos anos 20.

A sala exibe, em sua sessão de abertura, o film super-sonoro "Romance", da Metro Goldwyn Mayer, estrelado por Greta Garbo, com direção de Clarence Brown (na ocasião, mais de 3.000 pessoas disputam as 1.632 poltronas disponíveis). Contava com o que havia de mais moderno em equipamento de projeção e sonorização. Além disso, “o seu cinema”, título dado carinhosamente pelos freqüentadores desde sua inauguração, possuía luxuosas e inovadoras linhas arquitetônicas. Projetado por Agnelo Nilo de Lucca e Egon Weindorfer, com decoração de Fernando Corona (que, em 1929, viaja para Buenos Aires, com intenção de estudar técnicas de cinema moderno), era dono de “majestosa e imponente fachada, hall magnífico e confortável sala de espetáculos”.

Ao longo dos anos 40 e 50, sessões memoráveis exibem títulos como "Por quem os sinos dobram", com Gary Cooper e Ingrid Bergmann, "Um aventureiro na Martinica", com Humphrey Bogart e Lauren Bacall, "Agarre essa loura", com Eddie Bracken e Veronica Lake, "Fantasia Mexicana", com Dorothy Lamour, "A coragem de Lassie", estrelado por Elizabeth Taylor, "O médico e o monstro", com Spencer Tracy e Lana Turner, "Como agarrar um milionário", com Marilyn Monroe, "Suplício de uma saudade", com William Holden e Jennifer Jones, além de clássicos que eram reprisados anualmente, como "El Cid", "O manto sagrado" e "O príncipe valente". Em seu palco, apresentam-se a “pequena notável” Carmem Miranda, os Ases do Samba (que eram Francisco Alves, Mário Reis e Noel Rosa), as Companhias Teatrais de Procópio Ferreira e de Dulcina – Odilon, o tenor italiano Tito Schipa (placa de bronze alusiva à apresentação encontra-se fixada na sala de espera do cinema), Vicente Celestino – o “cantor das multidões”, o “canário rio-grandense” Dante Santoro, os “reis do riso” Alvarenga e Ranchinho, a Companhia Italiana de Operetas de Franca Boni, a comediante Chica Pelanca, Oscarito - o “rei da chanchada”, Dercy Gonçalves, os Quitandinha Serenaders, entre outros grandes artistas nacionais e internacionais. Além de atrações musicais e teatrais, a casa apresenta conferências com o jornalista e político Carlos Lacerda, o espiritualista Umberto Marcotti, e o Festival do Partido Comunista, do “cavaleiro da esperança” Luiz Carlos Prestes. Nada combinava tão bem com o romantismo da época do que freqüentar os espaços culturais do centro da cidade, bairro que então reunia a nata da sociedade porto-alegrense e o comércio de alto nível, e onde surgiam novas avenidas, viadutos e arranha-céus, como os imponentes edifícios Sulacap (1949), Jaguaribe (1951), Formac (1956), Coliseu (1957) e Santa Cruz (1958).

Foi pioneiro no estado em projeções no formato Cinemascope (anos 50) e em película de 70mm (anos 60). Ainda nos anos 70, os onze andares acima do Imperial, que funcionaram como apartamentos residenciais e depois como escritórios, são desativados, assim como vinha ocorrendo em outros grandes prédios da área central da cidade.

Durante os anos 80 e 90, o Imperial resistiu bravamente à onda de falências das salas consideradas antiquadas ou obsoletas (as que não fecharam suas portas seguiram operando com filmes pornográficos ou de baixa qualidade). Em 1987, o vizinho Guarany, fechado desde 1975 (depois de ter sido expulso do prédio ao lado, onde hoje localiza-se o Banco Safra), instala-se no mezanino do Imperial, formando o complexo Imperial/Guarany, administrado pela Companhia Nacional de Cinemas, associada à rede GNC Cinemas.

Século 21: nos meses que antecedem seu fechamento, as salas realizam promoções de ingressos, que custam R$ 3,00 às terças-feiras (menos que a locação de um DVD). Era o derradeiro suspiro do mais antigo cinema de calçada do Rio Grande do Sul. Vencia, ao final e mais uma vez, a cruel lógica do mercado, que impunha às salas de calçada adaptações que elas não poderiam realizar, e que fazia chegar ao fim uma época em que os cinemas eram verdadeiras fábricas de sonhos, e não apenas meros apêndices mercadológicos. Em tom nostálgico, Hormar Castello Jr. declara ao jornal Correio do Povo, por ocasião do fechamento da sala: “Porto Alegre perde uma casa lançadora a preços bem acessíveis. O custo elevado de manutenção, aliado à tendência a criação de salas menores e à preferência do público pelos cinemas de shoppings pesou na decisão do fechamento”.

O Imperial teve sua última sessão em 04 de agosto de 2005, exibindo o filme "Guerra dos mundos", de Steven Spielberg, e permaneceu com as portas fechadas até dezembro de 2008 (durante este período, foi alvo de saques e depredação). Atualmente, encontra-se em processo de remodelação - deverá abrigar o Centro Cultural da Caixa Econômica Federal e a Secretaria Municipal de Cultura.

Fotos: Diego Vara

Echo en Uruguay!

Mercado del Puerto (Montevideo, Uruguay), marzo de 2011: clásicas motos Zanella cruzan las calles de la Vieja Ciudad!!!

Wannmacher & Lynch!

Seminário Fronteiras do Pensamento 2008 (Salão de Atos da Ufrgs, Porto Alegre/RS): o sorridente Eduardo Wannmacher prestigia a conferência/sessão de autógrafos do cultuado diretor norte-americano David Lynch!