Morreu na madrugada desta quinta-feira (17/12/2009), em Porto Alegre, o ex-massagista do Grêmio, Alvaci Silva de Almeida, o Banha. Ele estava internado desde o dia 7 de dezembro no Hospital de Clínicas, com muita tosse e falta de ar. Segundo informações da família, o estado de saúde do ex-massagista piorou no sábado e ele foi levado para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) em coma induzido. Banha teve duas paradas cardíacas, mas a causa da morte ainda não foi divulgada. A família decidiu que o corpo será cremado.
Banha chegou no Grêmio no dia 1º de julho de 1964, quando tinha 21 anos. Ele era responsável pelo relaxamento muscular dos atletas. Mais tarde, assumiu o posto de massagista da equipe principal do tricolor, e esteve presente nas principais conquistas do time gaúcho nas décadas de 80 e 90, como a Libertadores e o Mundial de 1983. Por motivos de saúde, abandonou a função no final da década de 90. Mesmo assim, se mantinha vinculado ao clube do seu coração.
Em 2003, quando o Grêmio comemorou os 20 anos da conquista do Mundial do Japão, Banha foi um dos personagens da retrospectiva realizada pela Grêmio.Net. Reproduzimos a entrevista na integra, onde Banha relata as principais passagens da final do Mundial.
Grêmio.Net: Qual o momento mais marcante daquele conquista no Japão?
Banha: Foi quando o juiz apitou o final de jogo e a festa começou no estádio. Depois continuou no ônibus, no hotel. Tudo com muito champanhe.
Grêmio.Net: Você conheceu quase o mundo todo com o Grêmio mas uma viagem tão longa e cansativa como esta foi a primeira vez. Como foi o vôo até Tóquio?
Banha: Foi tranqüilo. Conversamos bastante, jogamos carta, tomamos chimarrão. Na época eu pesava 143 Kg e o pessoal caiu na minha cabeça porque eu não conseguia fechar o cinto de segurança. A aeromoça teve que trazer outro pedaço de cinto para poder fechar. Era complicado ir ao banheiro também. Muito apertado.
Grêmio.Net: Você já foi quatro vezes com o Grêmio ao Japão mas em 1983 era a primeira vez. Como foi esse primeiro contato com tão diferente cultura?
Banha: Parecia que eu estava em outro mundo. Era completamente diferente do que eu estava acostumado. Uma tecnologia muito desenvolvida. Para atravessar a rua, havia um aparelho sonoro para ajudar os cegos a atravessarem. Impressionante.
Grêmio.Net: Houve alguma dificuldade de comunicação no dia-a-dia com os japoneses?
Banha: Não. Nenhum. O Grêmio pensou em tudo e, no hotel, haviam quatro ou cinco intérpretes à disposição da delegação. Se a gente queria sair pra fazer compras, sempre éramos acompanhados por um deles. Fiquei responsável por fazer feijão para os jogadores e até mesmo na cozinha havia um intérprete pra me ajudar.
Grêmio.Net: Como foi a expectativa antes da partida?
Banha: Uma ansiedade muito grande. Trabalhei direto com o Osvaldo. Ele viajou sentindo dores e fizemos um tratamento intensivo. De manhã, de tarde e de noite. Só na véspera da partida que ele acordou sem dor e acabou sendo uma das grandes figuras da conquista.
Grêmio.Net: No momento em que o Hamburgo empatou o jogo, você estava atendendo o Renato, com câimbras, na beira do gramado. Como foi aquele momento?
Banha: Quando o Hamburgo fez o gol, nós gelamos. O Renato se levantou rapidamente e voltou para o campo dizendo “vamos ganhar, vamos ganhar”. Graças a Deus ele conseguiu fazer o segundo gol na prorrogação. A equipe já estava cansada física e mentalmente e o gol veio na hora certa.
Grêmio.Net: Você ainda mantém contato com o pessoal daquela época?
Banha: Claro. Tenho contato com o Hélio (roupeiro), meu companheiro de Grêmio por 40 anos. O Tarciso, o Paulo Roberto. Até mesmo com o De Leon, na época em que ele estava treinando o clube. Todos que andam pela área a gente encontra e pára para bater um papo.
Fonte: Correio do Povo e Grêmio Foot-ball Porto Alegrense / Site Oficial.
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