Cine Cisne!

Exposição resgata 100 anos de cinema em Santo Ângelo
Zero Hora / Santo Ângelo
Wagner Machado
14/06/2011

Em meio a avanços tecnológicos, o cinema de Santo Ângelo resiste ao tempo e revive seu passado. Antigos cartazes de filmes e objetos, em sua maioria utilizados nas nove salas de exibição que existiram em Santo Ângelo, ajudam recontar um século de história da sétima arte no município. A mostra terá início nesta terça-feira e se estenderá por duas semanas.

O cenário para este enredo é o saguão do Museu Municipal Doutor José Olavo Machado, onde serão expostos maquinários como filmadoras, projetores, películas e revistas. O espectador terá a experiência de estar em uma sala como as existentes no século passado. Aos poucos, o visitante será conduzido ao ano de 2011. As fotos mostram o Cine Cisne, único cinema de calçada de Santo Ângelo e um dos mais antigos do Estado, conforme o Sindicato das Empresas Exibidoras do Rio Grande do Sul.

- Minha paixão pela grande tela vem de berço. Meu avô, Vivaldino Prado, dedicou 60 anos ao cinema. Por amor, comecei a colecionar os objetos. A exposição será uma oportunidade de mais pessoas conhecerem o que tudo isso representa - diz o escritor Paulo Prado, 56 anos, responsável pelo trabalho de resgate histórico.

Essa história de amor já dura 20 anos. Ao longo desse período, o escritor adquiriu, pessoalmente ou por meio de sites, 26 projetores (alguns à manivela) e quatro câmeras à corda, 100 filmes antigos e 60 revistas, além de relatos sobre como era o cinema no passado. De acordo com a pesquisa, a chegada do cinema ao município ocorreu em junho de 1911, na época do cinema ambulante, e, desde então, nunca parou.

Um dos apreciadores da sétime arte que comemora o centenário das salas de exibição de Santo Ângelo é o jornalista e autor do livro “The end – cinemas de calçada em Porto Alegre”, Cristiano Zanella. Segundo ele, com o surgimento de outras mídias que possibilitam assistir filmes – como TV aberta, videocassete, TV a cabo e outros meios digitais – acabaram-se os cinemas de calçadas. Zanella relata que na Capital não há mais recintos que não sejam dentro de salas comerciais ou centros culturais. No Interior, muitos espaços foram fechados.

- As salas foram pouco a pouco apagando suas luzes. Hoje, é mais lucrativo alugar o espaço para uma igreja do que exibir filmes.

Diferentemente da maioria dos locais onde o cinema perdeu força, em Santo Ângelo a persistência vence as dificuldades – diz Zanella.

Baseado em pesquisas históricas, Prado escreveu o livro “100 anos do cinema em Santo Ângelo” para relatar as principais manifestações no mundo, no Brasil, no Estado e, de modo especial, no município onde reside.

- São fatos, fotos e depoimentos. Na obra, é possível descobrir que o primeiro cinema se chamava “O Biógrafo Ideal”. A década de 70 foi o auge do cinema em Santo Ângelo, com cinco cinemas em diferentes locais em pleno funcionamento - comenta o funcionário público.

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