Na esquina da Saldanha!

Na esquina da Saldanha
Final Sports / Sob a Bênção da Imortalidade
Cristiano Zanella
02/09/2009

O pernambucano Joaquim Saldanha Marinho (1816 – 1895) foi jornalista, advogado, sociólogo e político – mas, quem desejar saber mais sobre este atuante personagem da época de transição do Brasil Império para a República Federativa do Brasil, que consulte a Wikipédia. Devido à relevância de sua obra, até hoje, por todos os cantos deste país continente, Saldanha Marinho empresta seu nome à cidades, ruas, viadutos, praças, escolas, bibliotecas, etc.

Em Porto Alegre, a rua Saldanha Marinho fica no bairro Menino Deus, nas imediações do Olímpico Monumental. Ela começa na Getúlio Vargas (esquina da Companhia dos Sanduíches, onde tem um ponto de táxi) e termina na Érico Veríssimo, junto à praça Cid Pinheiro Cabral (jornalista e colorado ilustre), já quase na rótula do Papa que era gaúcho.

Dia desses, foleando o livro “Os anos dourados da Praça da Alfândega 2”, de José Rafael Rosito Coiro (biólogo, professor, escritor, gremista), descobri que na rua Saldanha Marinho morou a família de Francisco Paulo Santana, porto-alegrense nascido em 1939, filho do coronel Cyrillo e da dona Nair, guri de infância pobre, apreciador do futebol, da poesia, do samba e das mulheres, que em seus 70 anos bem vividos tornou-se o torcedor símbolo do Grêmio e um dos maiores cronistas do jornalismo (rádio, tv, jornal) gaúcho e brasileiro.

Foi também na Saldanha Marinho onde surgiu a incomparável Banda da Saldanha, oficialmente fundada em 1978, que há uns anos se bandeou pros lados do Guaíba, mas segue embalando os carnavais porto-alegrenses para alegria dos apreciadores da tríade “samba, churrasco e solidariedade”. Bonito de ver a Banda da Saldanha desfilando na avenida, primeiro na Getúlio, depois na Érico, bons tempos...!

Na Saldanha, esquina com a Gonçalves Dias, fica o boteco que me abriga nas pré-jornadas futebolísticas. O boteco não tem nome ou sobrenome, é popularmente chamado de Bar da Saldanha. O espaço é pequeno, não comporta mais do que quatro mesas em seu interior e cinco ou seis espalhadas pela calçada. Durante a semana, abre no horário de almoço (mesas na rua quando o tempo permite), e à noite permanece aberto até umas oito ou nove horas, servindo principalmente moradores próximos – uma espécie de confraria se estabelece ali! É freqüentado por um público familiar de excelente nível (a maioria é sempre de gremistas, claro). Antes dos jogos, o churrasco de calçada é lei (fizemos um de encerramento de temporada no ano passado). Segundo o Alexandre, ou Alemão, proprietário do estabelecimento, passará por reformas em breve. Torcedores, secadores, boleiros, os veteranos e os dentes de leite, músicos (Bedeu, o inventor do samba rock, freqüentou o bar), boêmios, cantores, gente de todas as cores (até mesmo vermelhos), pobres, ricos ou representantes da classe média, a banda louca e a velha guarda, todos encontrarão as portas abertas no Bar da Saldanha! É uma esquina especial, confluência de forças positivas, ao mesmo tempo em que é apenas mais uma esquina tricolor entre tantas outras nos arredores: a esquina azulzinha da Nêga Lú – a eterna rainha inesquecível (Barão de Teffé com Almirante Gonçalves), a esquina do Açougue (Azenha com Afonso Pena), a esquina do Bar Preliminar (Dona Cecília com José de Alencar, já quase no Largo dos Campeões)! Esquinas gremistas, com muitas histórias para contar!

Neste domingo, o Bar da Saldanha vai estar novamente tomado pela torcida tricolor, celebrando a vida, o futebol, a amizade! É dia de assistir o Grêmio amassar mais um adversário em seus domínios, beber umas cervejas, repercutir os fatos da semana e comemorar este inexplicável gremismo que nos une! E as esquinas da cidade serão todas da cor do céu, da cor do mar, para além da eternidade! Até a pé, nós iremos, e com o Grêmio estaremos, onde ele estiver...

É Grêmio sempre!!!

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