Motos y ciclomotores Zanella!
Laureados con la cinta azul de la popularidad!
1983, o Ano Azul!
Final Sports / Sob a Bênção da Imortalidade
Cristiano Zanella
Dezembro de 1983, o Grêmio para a eternidade: Mazaropi; Paulo Roberto, Baidek, De León e Paulo César Magalhães; China, Osvaldo (Bonamigo) e Paulo César Caju (Caio); Renato, Tarciso e Mario Sérgio! O mundo aos nossos pés! Pra cima, pra cima, vai pra cima tricolor! O Grêmio é Campeão do Mundo, nada pode ser maior!!!
E não é que a epopéia do Grêmio em Tóquio
em breve estará projetada nas telas dos cinemas de todo Rio Grande do Sul? Comemorando os vinte e cinco anos da histórica e pioneira
conquista tricolor em terras orientais, o longa-metragem “1983, o Ano Azul”,
documentário com aproximadamente 90 minutos de duração, contará através de
depoimentos de jogadores e comissão técnica a inesquecível saga que elevou o
Grêmio ao topo do mundo.
Além
de grande profissional, um gremista fanático, o replicante Carlos Gerbase é o
pai do projeto, realizado em parceria com o próprio Grêmio. Ainda sem data
oficial de estréia, em entrevista
inédita e exclusiva, Gerbase revela detalhes sobre a produção de “1983”, filme
que deverá repetir o estrondoso sucesso de “Inacreditável – a Batalha dos
Aflitos” (2007), provocando descontrole geral e ruidosas avalanches nas
platéias dos cinemas do Rio Grande, do Brasil e de todo o planeta Terra!
---
Carlos
Gerbase (jornalista, diretor cinematográfico, músico).
Gerbase, tu é um gremistão que acompanha o tricolor
desde criança: teu pai, José Gerbase, foi presidente do Grêmio ainda nos anos
40, e nasceste em 59, na década em que foi inaugurado o Olímpico, quando o
Grêmio foi soberano, conquistando doze campeonatos gaúchos em treze anos! As
tuas recordações tricolores mais remotas...
São
da década de 60, Campeonato Gaúcho, com o Grêmio ganhando tudo. Eu ia sempre
com meu pai e meus irmãos, e lembro da dificuldade em subir as escadas até as
cadeiras locadas, pois o meu pai era parado a cada dois metros para conversar
sobre o Grêmio.
Onde assistiu ao jogo contra o Hamburgo? Quais as
lembranças daquela madrugada de 11 de dezembro de 1983, ano em que lançaste o
super-8 “Inverno” e que Os Replicantes ensaiavam seus primeiros acordes?
Eu
morava na Marquês do Pombal, e vi o jogo em casa. Estava tranqüilo e confiante.
Aproveitando uma sessão do "Inverno" na Cinemateca Uruguaia (bendita
coincidência...), tinha assistido o Grêmio empatar com o Peñarol, em
Montevidéu, em junho. Em dezembro de 83, Os Replicantes estavam começando na
garagem lá de casa, e o gremista Wander ainda não tinha entrado pra banda. Eu
tinha que conviver com os irmãos Heinz, Claudio e Heron, ambos colorados.
Muitas histórias já foram contadas sobre a conquista do maior título da história Grêmio! 25 anos depois, o que ainda pode ser dito a respeito daquele jogo? Quais os principais depoimentos que compõe a narrativa do filme? Além de jogadores, comissão técnica e dirigentes, há depoimentos de jornalistas e torcedores que estiveram em Tóquio?
Muitas histórias já foram contadas sobre a conquista do maior título da história Grêmio! 25 anos depois, o que ainda pode ser dito a respeito daquele jogo? Quais os principais depoimentos que compõe a narrativa do filme? Além de jogadores, comissão técnica e dirigentes, há depoimentos de jornalistas e torcedores que estiveram em Tóquio?
As
principais entrevistas são Koff, Espinosa, Ithon Fritzen, Verardi, Mazaropi, De
León, Baidek, China, Oswaldo, Mário Sérgio, Renato e Tarciso. Optamos por
centrar esforços nos personagens diretamente envolvidos com os episódios,
especialmente os jogadores e o técnico, de modo a criar um clima de
documentário mesmo, com informações novas e algumas re-interpretações do que
aconteceu. Os jornalistas são sempre fontes secundárias, falam sobre o que
viram, e não sobre o que viveram. Quanto aos torcedores, achamos que, embora
eles sempre tragam emoção, poderiam dispersar um pouco a narrativa. Tenho
certeza que os torcedores de hoje vão se emocionar, e os de 1983, inclusive os
que foram a Tóquio, terão a oportunidade de relembrar tudo com riqueza de
detalhes. Uma das histórias mais divertidas é sobre a multa do Renato, que,
poucos dias antes do embarque pra Tóquio, ameaçou voltar pra Bento e pra
profissão de padeiro. No filme, o caso é contado pelo próprio Renato, pelo
Espinosa e pelo presidente Koff.
Os colorados costumam menosprezar nossa pioneira
conquista mundial, afirmando tratar-se de um título sem o aval da Fifa (mesma
instituição que rebaixou-os em 96, e mandou tirar seu nome da fachada do Beira
Rio em 2006), chamando de Toyota, taça intercontinental, etc. O que tu pensa a
respeito?
É
ridículo, pura dor de cotovelo. Como diz o presidente Koff no filme, o primeiro
é o que fica na história.
O filme utiliza imagens de arquivo? Que acervos pesquisaste em busca deste material?
O filme utiliza imagens de arquivo? Que acervos pesquisaste em busca deste material?
Usamos
um pouco de tudo: vídeos, fotos, jornais, imagens do Memorial do Grêmio,
computação gráfica, cartuns, etc. Pesquisamos em todos os acervos tradicionais
e na internet. O filme começou a ser feito no final de 2006 e a última
entrevista foi realizada em novembro do ano passado.
Um filme brasileiro dificilmente alcança um milhão de expectadores, e o
Grêmio possui muito mais torcedores do que isso – qual a expectativa de público
para "1983"? Vai ser lançado em salas de cinema (no interior do
estado, poucos cinemas ainda sobrevivem), DVD e na tv simultaneamente, como
teus últimos trabalhos?
Acho
que o circuito das salas é, hoje, mais uma plataforma de lançamento do que um
mercado propriamente dito, pelo menos para filmes brasileiros. Portanto, não
sei ainda qual é o potencial do filme nas salas. A produção é do Grêmio, assim
com a responsabilidade pela distribuição, eu vou ajudar no que for possível. A
expectativa fica mesmo com os DVDs. Espero que a vendagem seja muito boa e
traga retorno financeiro e institucional para o clube.
Como define o sentimento de ser um torcedor gremista? E
as possibilidades para a Libertadores 2009?
Não
sei o que é ser gremista, porque nunca fui outra coisa. Só sou, e tá bom assim!
Futebol é pra esvaziar a cabeça e fazer a saudável catarse de cada dia. Temos
boas possibilidades na Libertadores. Vamos empurrar o time, como sempre, e aí
quem sabe chegamos lá de novo...
www.finalsports.com.br
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Colégio Farroupilha!
Salve, salve a nossa escola, o colégio Farroupilha!
Dá-nos luz, nos dá saber, com amor e fraternidade!
Flecha Negra!
Esquina da Nêga Lu - "a eterna rainha inesquecível" (Porto Alegre/RS), março de 2012!
Com o craque José Tarciso "Flecha Negra" de Souza - jogador recordista de atuações com o manto tricolor (721 jogos e 222 gols marcados, entre 1973 e 1986)!
Com o craque José Tarciso "Flecha Negra" de Souza - jogador recordista de atuações com o manto tricolor (721 jogos e 222 gols marcados, entre 1973 e 1986)!
Cine Theatro Capitólio!
Em matéria publicada no
Segundo Caderno do jornal Zero Hora, no sábado, 02 de julho de 1994, o
jornalista Nilson Mariano, em narrativa melancólica, descrevia a última sessão
do Cine Theatro Capitólio, ocorrida havia três dias. Inaugurado em 12 de
outubro de 1928, com o filme “Casanova – o príncipe dos amantes”, o prédio (projeto
do arquiteto e engenheiro paulista Domingos Rocco), possuía um estilo eclético,
com influências açorianas e portuguesas, unindo luxo, complexidade e perfeição
em seus espaços externos e internos. De propriedade do alfaiate José Luiz
Faillace, que aplica suas economias na construção do novo centro de diversões,
o Capitólio tinha capacidade original para 1.295 espectadores, uma área de 1.300
metros quadrados e mantinha contrato de exclusividades com duas das maiores
produtoras de filmes da época: a United Artists e a RKO. Segundo o jornal
Correio do Povo, de 06 de outubro de 1928, “um centro de reunião da elegante
mocidade daquela populosa zona”.
A sala, localizada na esquina
da avenida Borges de Medeiros com Demétrio Ribeiro (bairro Centro), chegava a
sua derradeira sessão num clima que em nada lembrava seus anos dourados,
quando, além de projetar grandes filmes, recebia companhias teatrais, vedetes
do Teatro de Revista, e era palco de bailes de carnaval e concursos de misses. O
então derrotado Capitólio exibia, naquela noite, o que havia de mais baixo na
escala cinematográfica:
“O cartaz de `Seduzida por um
cachorro e Amada por um animal´ contrastava com os lustres de cristal, a
forração púrpura e os pilares em estilo grego do prédio erguido em 1928, no centro
de Porto Alegre. Mas os 20 espectadores da última sessão do Cine Capitólio, exibida às 21h de quinta-feira,
não estavam interessados em detalhes arquitetônicos, nem no filme. Nos últimos meses, a sala estava servindo para encontros de homossexuais. Discretos, comportados e um pouco constrangidos, os gays lamentaram o fechamento do Capitólio”.
Maluco beleza!
Quem não tem colírio, usa óculos escuros!
Quem não tem filé, come pão e osso duro!
Quem não tem visão, bate a cara contra o muro!
É como vovó já dizia, e Raulzito
Seixas também...
Vote Nulo! Não sustente parasitas!
Alice!
Bem vinda, Alice Zanella Ramos!
Calgary, Alberta (Canadá) - 27/03/2012 - 3,7kg - 50cm - filha de Luis Fabiano Ramos e Ana Paula Zanella!
Minha sobrinha!
Aplauso!
A Sbornia de Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, segundo o diretor Otto Guerra Netto - grande mestre do cinema gaúcho e brasileiro!
Revista Aplauso edição #113: nas bancas do Rio Grande, do Brasil (este país que vai pra frente) e do mundo todo!
www.aplauso.com.br
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Funk brother soul!
Se um dia fui rei, se reinei não sei só sei, que é a pura verdade: quem nasceu pra rei, nunca perde a majestade...
Festa Voodoo, Bar Opinião (Porto Alegre, RS), julho de 2011! Na ilustre companhia do mestre da soul music brasileira Gerson Côrtes, ou melhor... o funk brother soul Gerson King Combo!
El gordo ventilador!
Mariano Jordán es una persona de esas que todos los cuervos deberían de conocer. El apodo gordo ventilador, tal como fue bautizado en el tablón, tiene su origen en que Mariano no para un minuto de revolear su camiseta de San Lorenzo, durante el partido, en el entretiempo, después del partido, y nos queda la duda si lo hace también cuando lo ve por televisión. Hoy en día le preguntás a un chico por un apellido de los Matadores y capaz que no sabe. Ahora preguntale quién es el gordo ventilador...
Com a Saldanha, na avenida!
Na rua Saldanha Marinho, seguindo pela avenida Getúlio Vargas (Porto Alegre, RS)... desfila a incomparável Banda da Saldanha (fundada em 1978), embalando o carnaval dos porto-alegrenses adeptos da tríade “samba, churrasco e solidariedade”!
Bonito ver a Saldanha desfilando na avenida!
Não te acanha, deixa de manha e vem pra Saldanha!
www.bandasaldanha.com.br
Bonito ver a Saldanha desfilando na avenida!
Não te acanha, deixa de manha e vem pra Saldanha!
www.bandasaldanha.com.br
De volta ao velho casarão!
De volta ao velho casarão
Havia dez, talvez quinze anos, que meu pai não pisava no velho casarão da Azenha - o Olímpico Monumental de guerra, sagrado território tricolor. Renato José Zanella, que tem nome de craque, esteve presente na inauguração do estádio, em 1954, acompanhou de perto gloriosas conquistas ao longo de décadas, e antes de se converter à faculdade de engenharia mecânica chegou a treinar entre os aspirantes do clube, sob o comando do técnico Glênio Reis (o "GR Show" - talvez o mais antigo radialista em atividade do estado). Conta o velho que, certo dia, o lendário Osvaldo Rolla, o "Foguinho", chamou-o num canto do gramado e deu-lhe o seguinte conselho: "Zanella, tu aqui estás apenas tirando o lugar de algum morto de fome que realmente precisa do futebol pra viver. Mete a cara nos livros, que o teu negócio é faculdade". Hoje, passadas muitas batalhas, o pai está aposentado, reside em Florianópolis, e no alto de seus 72 anos já não tem mais o gosto pela bola dos tempos de outrora.
A partida do último sábado, entre Grêmio e Ceará, efetivamente não tinha maior interesse para o tricolor. O clima de desmobilização se refletia nas arquibancadas vazias, mas nada disso iria estragar a festa. A presença paterna me enchia de orgulho e satisfação - nada mais importante para um guri de 40 anos do que retribuir à seu pai o gremismo que lhe fora injetado nas veias desde o berço!
Quando adentramos a geral, olhei para o gramado e lá estava Baltazar Maria de Moraes Junior - o "Artilheiro de Deus" -, sendo homenageado pelos incontáveis serviços prestados ao clube que lhe projetou. Foi quando o céu escureceu, minha pressão baixou e minhas pernas tremeram...
Eu então, subitamente, entrava num túnel do tempo, numa realidade paralela, e sem saber ao certo a razão, inexplicavelmente parecia ter voltado à infância... A arquibancada superior não mais existia - era como até meados dos anos 80, quando o anel ainda não estava completo. O placar estava novamente sendo operado com placas de reposição manual; no bar havia cerveja gelada, e os ambulantes vendiam whisky e conhaque - aproveitamos para tomar algumas doses, rememorando os clássicos Grenais dos anos 70, as conquistas internacionais dos anos 80 e 90, uma época realmente inesquecível, em que o tricolor era soberano no estado, e dirigentes e torcedores ilustres eram gente como a gente: Hélio Dourado, Fabio Koff, Paulo Santana, Camelinho (até mesmo a coloradíssima Terezinha Morango passou pro nosso lado).
O flashback seguia pela casamata, onde - acreditem! - estavam o mestre Telê Santana, o titio Fantoni, o cabeção Ênio Andrade, Espinosa, Felipão, Evaristo de Macedo; embaixo do paus, Manguita Fenômeno (que em 79 vestiu a tricolor), Leão, Mazaropi e Danrley acenavam para as arquibancadas, que agora estavam superlotadas; na linha de zaga, Ancheta, o caudilho De León, Baideck, Adilson - o "Capitão América", Rivarola e Arce, sentavam a porrada nos avantes adversários; na meia cancha, distribuíam a bola com elegância Iúra, Caju, Paulo Isidoro, Caio, Tita, China, Valdo, Dinho, Goiano, até o borracho Arílson estava presente; já no ataque André Catimba, Éder Aleixo, Tarciso - o "Flecha Negra", Baltazar, Renato Portaluppi, Paulo Egídio, Lima, Dener, Paulo Nunes e Jardel protagonizavam jogadas memoráveis que nos enchiam os olhos.
Sem acreditar no que via, viajava em meu imaginário, povoado por tantos ídolos que ali haviam escrito a história - era espectador de um Grêmio aguerrido e bravo, um time de craques que amassava o adversário sem piedade. A torcida, unida, fazia festa, tremulando faixas e bandeiras, entoando cânticos que celebravam a alma e a imortalidade que sempre foram a marca registrada do glorioso Grêmio Foot-ball Porto Alegrense!
Foi quando o juiz apitou o final da partida, e deu-se fim ao sonho delirante! Iniciava-se, então, um pesadelo macabro: na casamata estava Celso Roth, na zaga Rafael Marques e Saimon, no meio campo Adilson e William Magrão, no ataque André Lima e Miralles... entre outros perebas que nem valeria aqui citar. A torcida saía cabisbaixa, e vaias ecoavam em todos os setores do estádio. O Grêmio havia perdido o jogo para o ridículo Ceará, pelo placar de três a um!
Olhei para meu pai e ele havia envelhecido décadas. Mas, sei lá, parecia o mesmo gremistão do milênio passado... No meu peito, pulsava uma saudade dos bons tempos que infelizmente não voltam mais, quando todo domingo o velho enchia seu Opala de amigos e seguia rumo ao casarão da Azenha - tempo em que o Grêmio era o Grêmio que nós, gremistas de verdade, aprendemos a amar, respeitar e admirar. Nos olhamos rapidamente, um abraço fraternal nos envolveu, e, mais do que nunca, eu tinha uma certeza: pai, amigo de tantos caminhos, de tantas jornadas - valeu a pena! Obrigado por tudo, e pode apostar que ainda vamos comemorar muitas conquistas juntos...
Não sei quando meu velho voltará ao Olímpico, afinal de contas, em pouco mais de um ano o Monumental será apenas história. Mas, com certeza, para além da eternidade, o seu Renato terá as portas abertas neste consagrado templo do futebol - junto de outros milhares de gremistas que ajudaram a forjar, a ferro e fogo, a trajetória deste que, para nós torcedores, será para todo sempre o maior clube do mundo!
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver! Assim é, e assim será...
Havia dez, talvez quinze anos, que meu pai não pisava no velho casarão da Azenha - o Olímpico Monumental de guerra, sagrado território tricolor. Renato José Zanella, que tem nome de craque, esteve presente na inauguração do estádio, em 1954, acompanhou de perto gloriosas conquistas ao longo de décadas, e antes de se converter à faculdade de engenharia mecânica chegou a treinar entre os aspirantes do clube, sob o comando do técnico Glênio Reis (o "GR Show" - talvez o mais antigo radialista em atividade do estado). Conta o velho que, certo dia, o lendário Osvaldo Rolla, o "Foguinho", chamou-o num canto do gramado e deu-lhe o seguinte conselho: "Zanella, tu aqui estás apenas tirando o lugar de algum morto de fome que realmente precisa do futebol pra viver. Mete a cara nos livros, que o teu negócio é faculdade". Hoje, passadas muitas batalhas, o pai está aposentado, reside em Florianópolis, e no alto de seus 72 anos já não tem mais o gosto pela bola dos tempos de outrora.
A partida do último sábado, entre Grêmio e Ceará, efetivamente não tinha maior interesse para o tricolor. O clima de desmobilização se refletia nas arquibancadas vazias, mas nada disso iria estragar a festa. A presença paterna me enchia de orgulho e satisfação - nada mais importante para um guri de 40 anos do que retribuir à seu pai o gremismo que lhe fora injetado nas veias desde o berço!
Quando adentramos a geral, olhei para o gramado e lá estava Baltazar Maria de Moraes Junior - o "Artilheiro de Deus" -, sendo homenageado pelos incontáveis serviços prestados ao clube que lhe projetou. Foi quando o céu escureceu, minha pressão baixou e minhas pernas tremeram...
Eu então, subitamente, entrava num túnel do tempo, numa realidade paralela, e sem saber ao certo a razão, inexplicavelmente parecia ter voltado à infância... A arquibancada superior não mais existia - era como até meados dos anos 80, quando o anel ainda não estava completo. O placar estava novamente sendo operado com placas de reposição manual; no bar havia cerveja gelada, e os ambulantes vendiam whisky e conhaque - aproveitamos para tomar algumas doses, rememorando os clássicos Grenais dos anos 70, as conquistas internacionais dos anos 80 e 90, uma época realmente inesquecível, em que o tricolor era soberano no estado, e dirigentes e torcedores ilustres eram gente como a gente: Hélio Dourado, Fabio Koff, Paulo Santana, Camelinho (até mesmo a coloradíssima Terezinha Morango passou pro nosso lado).
O flashback seguia pela casamata, onde - acreditem! - estavam o mestre Telê Santana, o titio Fantoni, o cabeção Ênio Andrade, Espinosa, Felipão, Evaristo de Macedo; embaixo do paus, Manguita Fenômeno (que em 79 vestiu a tricolor), Leão, Mazaropi e Danrley acenavam para as arquibancadas, que agora estavam superlotadas; na linha de zaga, Ancheta, o caudilho De León, Baideck, Adilson - o "Capitão América", Rivarola e Arce, sentavam a porrada nos avantes adversários; na meia cancha, distribuíam a bola com elegância Iúra, Caju, Paulo Isidoro, Caio, Tita, China, Valdo, Dinho, Goiano, até o borracho Arílson estava presente; já no ataque André Catimba, Éder Aleixo, Tarciso - o "Flecha Negra", Baltazar, Renato Portaluppi, Paulo Egídio, Lima, Dener, Paulo Nunes e Jardel protagonizavam jogadas memoráveis que nos enchiam os olhos.
Sem acreditar no que via, viajava em meu imaginário, povoado por tantos ídolos que ali haviam escrito a história - era espectador de um Grêmio aguerrido e bravo, um time de craques que amassava o adversário sem piedade. A torcida, unida, fazia festa, tremulando faixas e bandeiras, entoando cânticos que celebravam a alma e a imortalidade que sempre foram a marca registrada do glorioso Grêmio Foot-ball Porto Alegrense!
Foi quando o juiz apitou o final da partida, e deu-se fim ao sonho delirante! Iniciava-se, então, um pesadelo macabro: na casamata estava Celso Roth, na zaga Rafael Marques e Saimon, no meio campo Adilson e William Magrão, no ataque André Lima e Miralles... entre outros perebas que nem valeria aqui citar. A torcida saía cabisbaixa, e vaias ecoavam em todos os setores do estádio. O Grêmio havia perdido o jogo para o ridículo Ceará, pelo placar de três a um!
Olhei para meu pai e ele havia envelhecido décadas. Mas, sei lá, parecia o mesmo gremistão do milênio passado... No meu peito, pulsava uma saudade dos bons tempos que infelizmente não voltam mais, quando todo domingo o velho enchia seu Opala de amigos e seguia rumo ao casarão da Azenha - tempo em que o Grêmio era o Grêmio que nós, gremistas de verdade, aprendemos a amar, respeitar e admirar. Nos olhamos rapidamente, um abraço fraternal nos envolveu, e, mais do que nunca, eu tinha uma certeza: pai, amigo de tantos caminhos, de tantas jornadas - valeu a pena! Obrigado por tudo, e pode apostar que ainda vamos comemorar muitas conquistas juntos...
Não sei quando meu velho voltará ao Olímpico, afinal de contas, em pouco mais de um ano o Monumental será apenas história. Mas, com certeza, para além da eternidade, o seu Renato terá as portas abertas neste consagrado templo do futebol - junto de outros milhares de gremistas que ajudaram a forjar, a ferro e fogo, a trajetória deste que, para nós torcedores, será para todo sempre o maior clube do mundo!
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver! Assim é, e assim será...
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