Vinte anos bem vividos!

Vinte anos bem vividos
Final Sports / Sob a Bênção da Imortalidade
Cristiano Zanella
12/08/2009

Semana que vem, minha bandeira do Grêmio está fazendo aniversário! O "Bandeirão" é um trapo de uns seis metros de altura por dois de largura, que me acompanha há quase duas décadas nas jornadas futebolísticas. Nele, estão estampadas as cores de uma paixão: o azul, o preto e branco. Não há dizeres, símbolos ou inscrições, é simplesmente uma bandeira tricolor! Ao longo dos anos, testemunhou inesquecíveis batalhas, lado-a-lado com o Grêmio, construindo uma trajetória de sucesso, basta lembrar seu jogo de estréia.

Era agosto de 1989, e o Grêmio chegava às semi-finais da primeira Copa do Brasil. O adversário era – mais uma vez – o sempre temido Flamengo, nosso arqui-rival nos anos 80, então treinado pelo mestre Telê Santana. O primeiro jogo, no Maracanã, terminara empatado em 2 x 2, placar que dava uma certa tranqüilidade para a decisão. Alguns dias antes da partida, fui ao centro da cidade comprar o tecido, numa casa da Voluntários da Pátria. Quem cortou o tecido e costurou a bandeira foi a dona Lucia Vieira de Souza, minha avó. Com uma máquina mecânica, movida a pedal, daquelas clássicas – o serviço ficou profissional!

O Grêmio era Pentacampeão Gaúcho, e no Rio Grande não tinha pra ninguém! Entrava em campo como favorito, formando com Mazaropi; Alfinete, Luiz Eduardo, Vilson, Hélcio; Jandir, Lino, Cuca, Assis; Kita e Paulo Egídio - um timão! O técnico era Cláudio Duarte, multi-campeão como atleta e técnico pelo nosso tradicional rival. Foi um jogo que jamais esquecerei: Grêmio 6 x 1 Flamengo (com gols de Cuca, Paulo Egídio, Almir, novamente Cuca e Paulo Egídio, com Assis fechando a conta). Sem dúvida, um os dez maiores jogos da era moderna do Olímpico! Comigo na superior (ainda com arquibancadas de cimento, sem cadeiras): Renato José Zanella (meu pai), Tuko Pereira Maia, os irmãos Macchi Silva (Pablo e Estevão), Marcelo e "Gemada" Rechden (onde andarão estes grandes guerreiros?). E eram mais de 50 mil num Olímpico em delírio, num jogo que era o prenúncio de um novo e inédito título nacional, e que foi fundamental na formação de gerações de gremistas que hoje são a maior e melhor torcida do Rio Grande – os números não mentem!

O "Bandeirão" sagrou-se Campeão da Copa do Brasil decidindo contra o Sport, e entrou os anos 90 quebrando tudo, assistindo e dando assistência em muitos jogos históricos, conquistando títulos, marcando a ferro e fogo seu nome na epopéia tricolor! Por onde andei e nos lugares onde morei, lá estava a bandeira, pendurada na sacada, na janela, pelas ruas da cidade, recebendo o afeto que se encerra em nosso peito juvenil! A bandeira tremulou sob chuva e sob o sol, foi puxada, pisoteada, enxugou sangue, suor e lágrimas, desceu às profundezas do inferno e voltou consagrada, e suas amarras jamais cederam – pelo contrário, estão mais fortes do que nunca! O "Bandeirão" continuou firme durante estes vinte anos, como a vó Lucia (que já ultrapassa os noventa anos)! E, quando o Grêmio perdia ou empatava jogos menores, era comum ouvir: "Pô, Zanella - perdemos porque tu não trouxeste a bandeira"... Mas no próximo jogo o "Bandeirão" tava lá de novo, e a gente acabava dando a volta por cima, superando os obstáculos, contrariando a lógica, acreditando no inacreditável, fazendo acontecer!

E foi assim, nas últimas duas décadas. Eu e a minha bandeira, torcendo, vibrando, fazendo história! Em todo final de temporada, repito o mesmo ritual: lavar, enxaguar, secar, dobrar e guardar a bandeira no armário, renovando as forças e esperanças para os novos e apaixonantes embates que a vida nos reserva.

Minha bandeira não tem ido muito a campo ultimamente, só em jogos decisivos e, confesso, já não tem mais a força dos tempos passados (andou até perdendo Libertadores em casa). Mas estou pensando em levá-la ao Olímpico neste domingo, afinal de contas, é um dia mais do que especial: ela está comemorando seus vinte anos, o Grêmio precisa da vitória, e o adversário, o Flamengo... é nosso velho conhecido!

Para o que der e vier, com o Grêmio sempre!!!

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Um comentário:

  1. e a foto no viaduto? eu nunca mandei?
    baita folclore gauchão 2007!

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